1. |
Vida
04:58
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Caminho entre disparos de raiva por ti
no meio dumha guerra que já estava aqui
fazendo do laído um canto para vencer
saindo da prisom que nos fijo esquecer
Nom deixarei que o tempo te borre sem mais
abrolhas da semente que a terra nos dá
saindo das entranhas da besta ferida
quando um novo dia está pronto a chegar
E cantar a umha vida que se vai
que nom deixa mais recordo
que a vontade de luitar
Estranho no reflexo que o espelho me dá
a bágoa que escorrega nom pensa parar
contando estou os dias que restam aqui
as noites nom som noites estando sem ti
Nom me acostumo a ver-te trás este cristal
a sombra dumha morte resulta fatal
no cerne do meu peito reside a esperança
quem sabe se um dia poderei berrar
E cantar a umha vida que se vai
que nom deixa mais recordo
que a vontade de luitar
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2. |
Ela
02:19
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Dum canto de sereia
entre o março e o abril
nasceu com umha estrela
à sombra dum candil
Entre as sombras da noite
aprendeu a luitar
nas longas corredoiras
botou ela a andar
Braços camponeses
tivo a bem criar
para o porvir da terra lavrar
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3. |
Irmao
03:19
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Do bravo mar do norte
desde a história dos tempos
deste povo sem igual
as novas dumha morte
queremos resgatar
O mar cuspe nas rochas
na noite dum inverno
dum inverno sem final
vida dum marinheiro
que leva um temporal
Verbas espidas
reflexo doutro tempo
maos enrugadas
lavradas polo vento
Desde o teu leito
luz de justiça serás
na tua memória
o povo começa a acordar
Inçados de cobiça
junho de oitenta e quatro
trás atravessar o mar
trouxérom-te a Galiza
para te soterrar
Os bons e generosos
que do teu testamento
às portas de Bonaval
figérom sangue a letra
e jurárom luitar
Sangue vermelho
abrolha do teu peito
azul e branco
recobre o cadaleito
Desde o teu leito
luz de justiça serás
na tua memória
o povo começa a acordar
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4. |
Clandestino
04:13
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Passava já das oito
soa o despertador
a cabeça dá voltas
eu onde estou?
por muito que me esforce
nom podo lembrar
só sei que nesta casa
nom podo ficar
Recolho as minhas cousas
que juntas nom dam
pra encherem a mochila
que é onde estám!
e saio do refúgio
para algúm lugar
onde continuar
a luitar
As onze no relógio
começo a esperar
o enlace deste dia
está a chegar
trai novas do outro lado
com as que analisar
quais som os novos passos
que tenho que dar
O tempo já nom para
vamos atuar
procuro um novo sítio
para jantar
sabendo que de tarde
há que trabalhar
pra umha nova batalha
ganhar
Sacrifício e suor
desta terra o melhor
combatente
Ódio e medo ao opressor
do teu povo o calor
combatente
Dignidade e valor
nom há luita sem dor
combatente
A voz dos fugidos bate
com a força dos que som
voz de revoluçom!
Início o meu trabalho
para golpear
um dos muitos pilares
do capital
remato a meia-tarde
boto a caminhar
porque um novo buraco
tenho que atopar
Começo um novo dia
um novo lugar
motivos de alegria
ao despertar
o povo no que a raiva
volta a alumiar
ainda continua
a respirar
Sacrifício e suor
desta terra o melhor
combatente
Ódio e medo ao opressor
do teu povo o calor
combatente
Dignidade e valor
nom há luita sem dor
combatente
A voz dos fugidos bate
com a força dos que som
voz de revoluçom!
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5. |
Luita
03:26
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Luitar até a vitória final!
Poder popular!!
Abrir os olhos
na noite
podermos ver
que já nom temos
nada que perder
Fechar as portas
ao dia
que algumha vez
entre mentiras
chegou
para convencer
Luitar até a vitória final!
Poder popular!!
Fazer da vida
um carreiro
sem percorrer
a cada passo
um futuro
a nascer
Estám as ruas
ardendo
dam a entender
que se preparam
para um novo
amanhecer
Luitar até a vitória final!
Poder popular!!
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6. |
O emigrante
03:34
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Escuitem esta história
que agora vou contar
por todos conhecida
a mais velha do lugar
Desterrando o silêncio
querendo despertar
que a voz da tua consciência
já nom aguante mais
Sem tempo que perder
nem nada que abraçar
agulhas do relógio
caminham para trás
Vazio tenho o meu peito
cheio ficou o mar
de báguas bem salgadas
que já nunca vam voltar
Voltar a olhar
como a tua luz
apaga o vento
e numha furna de cristal
fazer-se ver
e sem falar
guardar a chuva
que um dia te fijo brilhar
Fica em terras estranhas
longe do seu fogar
procurando umha vida
que nunca vai chegar
Mentras os eidos nossos
orgulho do meu lar
em silêncio aguardam
quem os puder trabalhar
Sem tempo que perder
nem nada que abraçar
agulhas do relógio
caminham para trás
A falta de esperança
já nom nos vai deixar
mas esta cruel batalha
nom se pode abandonar
Voltar a olhar
como a tua luz
apaga o vento
e numha furna de cristal
fazer-se ver
e sem falar
guardar a chuva
que um dia te fijo brilhar
Sem tempo que perder
nem nada que abraçar
agulhas do relógio
caminham para trás
Aqui remata a história
que venho de contar
por todos conhecida
a mais velha do lugar
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7. |
Povo queimado
04:34
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Sem monte nem carvalheiras
que dem sombra polo agosto
castinheiros com castanhas
em novembro para o magosto
Lareira que dé quentura
nas longas noites de inverno
avós que contem aos nenos
contos do céu e do inferno
Porcos que comam as landras
que das árvores caíam
gentes que apaguem nos lumes
como os galegos faziam
Papo-ruivos, andorinhas
melros de bico encarnado
leiras que se trabalhavam
com a besta a tirar do arado
De Ortegal a Monte Rei
do Bérzio à Costa da morte
queimam a Galiza enteira
deixam a terra sem nome
Se arde um anaco de monte
arde um povo e umha vida
ainda que apaguem as lapas
segue aberta a sua ferida
Se queremos subverter
a ruína da nossa terra
nom avonda com laiar-se
tens-te de botar a ela
Vivendo como vivias
com um monte trabalhado
recuperemos a vida
do melhor tempo passado
De Ortegal a Monte Rei
do Bérzio à Costa da morte
queimam a Galiza enteira
deixam a terra sem nome
Se arde um anaco de monte
arde um povo e umha vida
ainda que apaguem as lapas
segue aberta a sua ferida
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8. |
A quimera
03:07
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Hoje deu-me por sonhar
centos de cavalos brancos
sulcavam esta terra
pra quimera derrotar
Três cabeças tem o monstro por cortar
FMI, Banco Central
e mais a do Banco Mundial
Entre pedras de papel
e montanhas de lamento
a espada do desejo
chegou até o coraçom
E sem baixar do lombo do meu corcel
vim-as cair junto aos meus pés
cabeças umha, duas e três
Acordar dum mal sonho
Encontrar a esperança
E nom dar nem um passo atrás!
A galope percorrim
esta noite de silêncio
a fúria do latejo
que me fai tocar o sol
E com bágoas nos meus olhos descobrim
que o caminhar sem despertar
nom é umha forma de atuar
Acordar dum mal sonho
Encontrar a esperança
E nom dar nem um passo atrás!
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9. |
Sonhos de raiva
03:40
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Brotam as bágoas de orgulho e dor
entre os recordos de quem nos deixou
passam os dias mas nom se borrou
aquela imagem do meu coraçom
juntos luitamos juntos berramos
por avivar a nossa ilusom
sonhos de raiva e de esperança
para esta terra que nos juntou
Agora já nom podo ver sair o sol
arde o silêncio por nom ouvir a tua voz
queima a palavra que o teu nome acarinhou
e a sombra amarga que a tua ausência despertou
Sem ti já nom podo sonhar
sem ti nom podo respirar
sem ti os meus olhos nom poderám ver o mar
Doce alvorada que a esta terra surpreendeu
fruto da luita das entranhas floresceu
tempo de espera que farei ao caminhar
no teu recordo já nom me podo parar
Sem ti já nom podo sonhar
sem ti nom podo respirar
sem ti os meus olhos nom poderám ver o mar
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10. |
A palavra da terra
04:23
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Já nom podemos calar
ainda que chova na noite
berraremos alto e forte
até a gorja rebentar
sempre haverá
palhaços que nom deixam respirar
já nom podemos calar
Ferro cravado
nesta terra
que desterra
o despertar
Verde esperança
que a lembrança
nom acerta
a encontrar
Língua de escravos
que um povo se resiste
a abandonar
escravos dumha história
que desde a memória
começa a berrar
Na Galiza em galego!
Começa a berrar!
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11. |
Trabalhador galego
02:51
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Nesta terra galega
vivo luitando por libertar
vou-me da minha terra
deixo os meus filhos
deixo o meu lar
fico sem agarimo
tam só por culpa do capital
Centos de envenenados
trabalhadores morrem em Cee
fábricas de carburos
e de larpeiros que vivem bem
tam só a classe obreira
jungida sempre polo amor
acabará em Galiza
com toda classe de exploraçom
Trabalhador galego
nom tenhas medo à repressom
racha as cadeias de escravo
e vive sempre em revoluçom
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